O Piauí pode comemorar uma queda de 50% do índice de infestação da Doença de Chagas, ou seja, o índice que, em 1975 era de 4%, diminuiu para 2%, em 27 anos, de acordo com o resultado da pesquisa “Doença de Chagas no Estado do Piauí: inquéritos triatomínico e sorológico”, realizada pela secretaria estadual de Saúde (Sesapi), Ufpi, Uespi e Fundação Oswaldo Cruz (FIOCRUZ). A pesquisa também revela que a faixa etária mais atingida pela doença corresponde à população que possui entre 50 a 59 anos. O estudo foi realizado em 12 mil domicílios do Estado, foram feitos 35 mil exames e capturado 4.036 barbeiros, sendo que as espécies encontradas mais comuns são as seguintes: Trypanossoma brasilienses e Trypanossoma pseudomaculata. Essa pesquisa foi realizada no ano passado, mas o resultado dela foi anunciado hoje (quinta-feira 05/06) pelo doutor em Medicina Tropical, e pesquisador da Fundação Osvaldo Cruz, José Borges Pereira, durante a realização da Reunião de Avaliação da Doença de Chagas no Piauí, promovida pela Coordenação de Vigilância Ambiental da Sesapi, no auditório da Secretaria de Educação. “O Estado do Piauí está de parabéns pelas medidas que têm adotado no controle da doença e por realizar um estudo desse nível, sobretudo porque muitos Estados do Brasil ainda não o realizaram”, afirma Borges. Mas ele alertou que quatro regionais de saúde no Estado ainda apresentam dificuldades em relação ao Programa de Controle da Doença de Chagas, tendo em vista que o índice de casos de doença inspira cuidados, como é o caso de São João do Piauí (19,3%), Picos (9,6%) Paulistana (9,4%) e Oeiras (8,6%). “Acho que nessas regionais tem que haver uma maior participação da população e uma maior interação do poder político com a comunidade. É preciso definir, imediatamente, um plano estratégico para essas regionais de saúde”, avalia Borges. Há mais de 25 anos, quando foi realizado o Inquérito Sorológico Nacional, a regional de São João do já era a campeã do Estado em índice de infestação, nessa época, do total de municípios pesquisados 35% apresentaram infestação intradomiciliar positiva”, comenta o pesquisador. Ele acrescenta que a diminuição do índice de infestação da doença no Piauí é a mesma estimada pelo Ministério da Saúde para o Brasil, ou seja, estima-se que diminuiu de 4% para, aproximadamente, 2%. A reunião para discutir o inquérito triatomínico e sorológico relativo à Doença de Chagas no Piauí também contou com a palestra do coordenador do Coordenador do Núcleo de Entomologia da UFPI, José Adail Fonseca de Castro, que é doutor em Medicina Tropical, mestre em Parasitologia, e professor adjunto da UFPI. Ele falou sobre a Doença de Chagas, destacando que cerca de 16 a 18 milhões de pessoas são infectadas no mundo, sendo apenas 4,8 a 5,3 milhões de pessoas doentes. Já em relação ao Brasil, esse número representa 2 milhões de pessoas. Por ano, aparecem cerca de 300 mil novos casos da doença. “As formas de controle são: a melhoria das condições sócio-econômicas, combate aos triatomíneos (barbeiro), e tratamento dos doentes. A vacina ainda representa uma incógnita”, afirma Adail. Já o técnico da FUNASA, Humberto Pereira, fez um histórico sobre o controle da Doença de Chagas no Estado do Piauí. Ele explica que o inquérito triatomínico, diz respeito à pesquisa e captura de barbeiros, realizada no intradomicílio (dentro de casa) e no peridomicílio (ao redor de casa), com posterior entrega desses exemplares ao laboratório para exame, a fim de determinar a positividade quanto à presença do Trypanossama cruzi, que é o parasita transmissor da Doença de Chagas. Quanto ao inquérito sorológico, segundo Humberto, é a pesquisa do Trypanossama cruzi em amosta de sangue coletadas nas pessoas. A reunião contou ainda com representantes das regionais de saúde do Piauí, e secretários municípios considerados prioritários no controle da doença, identificados, de acordo com o resultado da pesquisa, sendo os seguintes: Campo Maior, Campinas do Piauí, Isaias Coelho, Oeiras, Bocaina, Itainópolis, Jaicós, Picos, Santa Cruz do Piauí, Flariano, Itaueira, Canto do Buriti, Paes Landim, São João do Piauí, Socorro do Piauí, Anísio de Abreu, São Raimundo Nonato, Paulistana, Barras, Pedro II, Piripiri, São Miguel do Tapuio, Aroazes, Elesbão Veloso, Valença do Piauí, Simplício Mendes, Bom Jesus, Corrente, Urucuí e Parnaíba. A diretora-geral do HGV, Joana Zélia Arcoverde, também pestigiou o evento.