A Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Instituto de Doenças Tropicais Nathan Portela, antigo HDIC, enfim, vai tornar-se uma realidade. Com apenas seis meses de gestão, o governo do Estado concretiza esse sonho de mais de 12 anos e, na próxima quarta-feira (11/06), o governador Wellington Dias e o secretário estadual de Saúde, Nazareno Fonteles, já anunciam a data da inauguração, através de uma entrevista coletiva, que será realizada às 10h00, no Salão Azul do Palácio de Karnak. Para o diretor-geral do HDIC, Carlos Henrique Costa, a inauguração da UTI é essencial porque há uma carência absoluta de leitos para tratamentos intensivos em Teresina. Segundo o médico, a iniciativa irá amenizar um grave problema no Estado, considerando-se que a rede privada restringe consideravelmente o atendimento a pacientes que necessitam de UTIs financiadas pelo SUS, devido ao baixo valor da diária. Ele acrescenta que o hospital está lotado de pessoas com doenças graves, como calazar, Aids, dengue hemorrágica e meningite, sendo que, geralmente, essas doenças acarretam a necessidade de uma UTI. No mês de maio, por exemplo, morreram 39 pessoas no HDIC. “Estávamos enfrentando uma epidemia de dengue e agora estamos enfrentando uma epidemia de calazar,.Para se ter uma idéia, em menos de 24 horas morreram duas crianças com menos de um ano no hospital e, nenhuma das duas, foi para a UTI porque o hospital não dispõe do serviço. Temos que encaminhar os pacientes que precisam de UTI para outros hospitais”, comenta o diretor. Além disso, ele ressalta que unidades de terapia intensiva são fundamentais para um hospital que atende uma área formada por 10 milhões de pessoas. Essa região corresponde a todo o Estado do Piauí e do Maranhão, sul do Pará, norte do Tocantins e à região fronteiriça do Ceará com o Piauí. Carlos Henrique Costa pondera que o hospital é especializado em doenças infecciosas e parasitárias, sendo também o único hospital que trata de portadores do vírus HIV no Piauí. A UTI do HDIC irá oferecer um total de oito leitos, sendo dois destinados para crianças e um para isolamento. Carlos Henrique Costa afirma que não haverá leito reservado para tratamento de doenças específicas, como a AIDS. “A UTI é destinada para pacientes clínicos, que apresentam ou não doenças infecciosas, portanto, irá atender a necessidade de leitos de UTI em Teresina”, enfatiza o diretor. O assessor técnico da Secretaria Estadual de Saúde, Bruno Figueiredo, ressaltou que a UTI foi montada com equipamentos que estavam há mais de 5 anos sem nenhuma utilização, deixando de prestar serviços essenciais à população. “Boa parte dos equipamentos da UTI não precisou ser adquirida, a exemplo dos respiradores, monitores e bombas de infusão. Sabendo da importância dessa UTI para todo Estado, o secretário de saúde mandou recolher nos hospitais públicos estaduais do interior todos os equipamentos que não estavam sendo utilizados e poderiam ser úteis na UTI do HDIC, afirma Bruno. Joaquim dos Velhos lutou pela UTI do HDIC Falar em inaugurar a UTI do HDIC é reviver toda a incansável luta do ex-vereador de Teresina, Joaquim Nonato Mendes, mais conhecido por Joaquim dos Velhos. Por essa razão, o nome da unidade fará uma homenagem ao ex-parlamentar, falecido em decorrência de AIDS. As pessoas que acompanharam essa luta de Joaquim hoje se emocionam e, às vezes, chegam mesmo a desacreditar da conquista. É o caso da coordenadora da Vila do Ancião, Regina Lúcia Costa, que mantinha estreitos contatos com Joaquim. “Posso dizer que está sendo realizado o maior sonho dele”. Ela recorda que o ex-vereador chegou a viajar para Brasília, por volta do ano 2000, com o objetivo de falar com o ministro da Saúde para viabilizar a implantação da UTI. Regina também não consegue esquecer que Joaquim morreu precisando de uma UTI porque estava com falta de ar e o balão de oxigênio não resolveu o problema, no entanto permaneceu internado na enfermaria até o último minuto de vida. “Tenho certeza que se ele estivesse numa UTI não tinha morrido com mais dignidade, sem tanto sofrimento” , enfatiza a coordenadora do abrigo São Lucas. Apesar de todas as angústias do passado, Regina lembra que a UTI vai beneficiar outras pessoas, inclusive portadores do HIV que chegaram a conviver com Joaquim dos Velhos. Em agosto de 1997, Joaquim chegou a definir a falta da UTI como o “retrato da incompreensão, da hipocrisia e do individualismo humanos”. Ele lamentava a falta de apoio dos poderes públicos a quem tanto recorreu e não foi atendido. Joaquim dos Velhos acreditava que a UTI seria como um pulmão do hospital, porque todo caso grave de doença infecto-contagiosa seria encaminhado para essa unidade.