A mãe que amamenta seu filho tem menos riscos de desenvolver câncer de mama e nos ovários. Na 17ª edição da Semana Mundial da Amamentação o foco é a mulher e o apoio que ela precisa na hora de amamentar. A Secretaria Estadual da Saúde iniciou hoje, 04, com um seminário que acontece no auditório da Escola Fazendária, as comemorações da Semana chamando à atenção dos municípios sobre a importância do ato de amamentar para a saúde da mulher e do bebê. “A Semana tem como objetivo mobilizar e atualizar profissionais e técnicos que trabalham na área para a importância do tema. Amamentar é uma experiência positiva que traz benefícios tanto para a mãe quanto para o bebê”, explica a supervisora de aleitamento materno da Secretaria da Saúde, Vilma Pena. Hoje o Ministério da Saúde e a Organização Mundial da Saúde preconizam que o aleitamento materno seja exclusivo até os seis meses de vida e continuado até os dois anos ou mais de vida da criança. “Crianças que são bem amamentadas adoecem menos, portanto apresentam menos taxas de morbidade e mortalidade”, esclarece Vilma. Ela conta ainda que na pesquisa realizada pela Coordenação de Atenção à Saúde da Criança e do Adolescente em 2006, os índices de prevalência do aleitamento materno em crianças de 0 a 4 meses foi de 52,14% e na faixa de 0 a 6 meses esse percentual foi de 41.45%. “A pesquisa foi realizada em 45 municípios do Piauí e os resultados podem ser considerados satisfatórios se comparados com pesquisa feita em 1999 pelo Ministério da Saúde, tendo como base somente na capitais brasileiras, quando se observou uma média de amamentação nas capitais nordestinas de 37,08% e no Brasil de 35,07%”, completa a supervisora. A técnica do Ministério da Saúde, Lílian Córdova, disse que o foco da campanha deste ano é a mulher. “A mulher precisa de toda uma estrutura para amamentar. Precisa por exemplo, da garantia dos empregadores, das leis que regulamentam a licença maternidade de 6 meses, dos serviços de saúde, do apoio da família, entre outros pontos”. Ela também comenta que os índices de aleitamento materno têm crescido nos últimos anos. “Em pesquisa feita pelo BNDES em 2006, observamos que houve um aumento da taxa de aleitamento nas zonas urbana e rural, sendo que nesta última ele foi mais significativo. Mas mesmo com estes índices, ainda estamos longe de atingir o ideal”, BANCO DE LEITE - A nutricionista do Banco de Leite da Maternidade Dona Evangelina Rosa, Theonas Gomes, conta que para absorver somente a demanda da Maternidade seria preciso um estoque diário de 6 litros de leite materno. “O ideal seria que nós pudéssemos atender a toda a rede pública, mas como dependemos de doações, e estas não ocorrem de forma regular, conseguimos suprir com dificuldades somente a demanda da Evangelina Rosa”, explica. O público-alvo do Banco de Leite são os bebês que por alguma complicação de saúde ficam separados das mães. Para eles o leite materno CAMPANHA - Menos chances de ter diarréia, pneumonia - doenças responsáveis por boa parte da mortalidade infantil, principalmente em regiões mais carentes - diabetes, câncer ou de desenvolver alergias. Esses são alguns dos benefícios do aleitamento materno, a ser destacados durante a 17ª Semana Mundial de Amamentação, que terá sua versão nacional de 1º a 7 agosto, numa parceria entre o Ministério da Saúde e a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP). A madrinha da semana nacional será a atriz Dira Paes, que aparecerá, em cartaz, folder e filmete, amamentando seu filho Inácio, de dois meses, ao lado da mãe, dona Flor. A intenção é ilustrar o tema deste ano da campanha que foca a importância do apoio à mulher que amamenta, com a frase: “Nada mais natural que amamentar. Nada mais importante que apoiar”. O filme foi produzido pela SBP. A idéia não é só difundir entre as gestantes e as mães a importância do aleitamento materno para a saúde dos filhos. A campanha quer sensibilizar também os familiares sobre o quanto é imprescindível o apoio à mulher para que ela possa dispor de tempo e tranqüilidade para amamentar o filho. “O apoio tem que vir da família, do companheiro, dos avôs, da comunidade, dos empregadores e do governo. E, sem dúvida, assim, caminhamos para a ampliação do tempo de aleitamento”, diz a médica Elsa Regina Justo Giugliani, coordenadora da Área Técnica de Saúde da Criança e Aleitamento Materno do Ministério da Saúde. De acordo com a médica, na década de 1970, a amamentação exclusiva nos primeiros seis meses de vida do bebê era praticamente nula. Pesquisa realizada apenas nas capitais, em 1999, revelou que o aleitamento materno exclusivo aos menores de quatro meses era de 35%. Mostrou também que, aos seis meses, menos de 10% dos bebês se nutriam exclusivamente do leite materno. Mas a Pesquisa Nacional de Demografia e Saúde (PNDS), divulgada no início de julho de 2008, mostrou dados positivos: 43% das crianças são amamentadas na primeira hora de vida no Brasil, 99% são amamentadas no primeiro dia de vida e 40% das crianças menores de seis meses recebem exclusivamente o aleitamento materno. Se levado em conta o tempo de duração, a região que mais amamenta é a Centro-Oeste e a Norte seria a laterninha no ranking nacional. NOVO RETRATO - Uma fotografia mais atual do aleitamento materno deverá ficar pronta até o fim deste ano. No dia 9 de agosto, quando ocorre a segunda etapa da vacinação contra paralisia infantil, haverá nova consulta às mães sobre o tema. A pesquisa incluirá não só as capitais, mas também diversos municípios dos estados. “Aí, sim, teremos uma fotografia mais precisa e ampla que a da PNDS”, prevê Elsa Giugliani. Hoje, as mães oferecem o leite materno, em média, por dez meses. O ideal é que a criança seja amamentada por mais de dois anos, sendo que, nos primeiros seis meses de vida, exclusivamente, por leite materno. “Então, temos um longo caminho a percorrer, no sentido de elevar de dois para seis meses o período de amamentação exclusiva”, diz a coordenadora da Área Técnica de Saúde da Criança e Aleitamento Materno. Elsa Giugliani anuncia ainda que, por meio do projeto Rede Amamenta Brasil, voltado para promoção, proteção e apoio ao aleitamento materno na rede de atenção básica, dia 11 de agosto, ocorrerá, em Brasília, o último curso para capacitar multiplicadores dos estados e municípios, a fim de auxiliar na expansão das redes. Já foram realizados quatro cursos regionais. CONTRA INDICAÇÃO - Poucas são as situações em que o recém-nascido não pode receber o leite materno. Embora não seja uma prática em todos os países, no Brasil, as mães portadoras do vírus HIV não devem amamentar seus filhos. Segundo Lílian Córdova, o leite até poderia ser oferecido ao bebê se, antes, fosse pasteurizado, o que eliminaria o vírus. Passaria a ter a mesma qualidade do leite dos bancos do produto existentes nos hospitais, em que todo leite materno doado é pasteurizado antes de ser servido aos bebês. “Mesmo com a perda de algumas propriedades, ainda assim é muito melhor que qualquer outro leite que não o da mãe”, garante a assistente. Hoje, no país, 1% das gestantes é portadora do HIV. Além delas, as mães usuárias de drogas, principalmente as injetáveis, não devem amamentar os filhos. As substâncias são passadas à criança por meio do aleitamento. REDE NACIONAL - O Ministério da Saúde criará a Rede Nacional de Amamentação, para eleva a alimentação exclusiva de leite materno durante os primeiros meses de vida dos recém-nascidos. O anúncio foi feito pelo ministro José Gomes Temporão, durante o lançamento da Campanha Nacional de Amamentação na última (1º). A idéia é capacitar os profissionais da Saúde da Família, ainda neste semestre, para incentivar este gesto. A Pesquisa Nacional de Demografia e Saúde (PNDS) 2008, divulgada no último mês, constatou que, embora haja uma melhora nos indicadores nacionais, somente 43% das crianças são amamentadas na primeira hora de vida no Brasil e 40% das crianças menores de seis meses recebem exclusivamente o aleitamento materno. Segundo o ministro, o governo federal quer utilizar a estrutura da atenção básica, em especial a estratégia do Saúde da Família, para aumentar esses índices. Hoje são 28,4 mil equipes implantadas em todo o país, o que garante uma cobertura de 90 milhões de pessoas. Os agentes comunitários de Saúde somam 221,5 mil e assistem a 110,6 milhões de pessoas, o que corresponde a uma cobertura de 58,8% da população brasileira. “A recomendação é que a criança receba aleitamento materno exclusivo até os seis meses de vida. O leite materno contém todos os nutrientes necessários para o crescimento e desenvolvimento”, afirmou Temporão. Os bebês que recebem leite materno exclusivamente estão mais protegidos contra doenças, principalmente diarréia e pneumonia. Crianças que não mamam no peito têm, por exemplo, 25 vezes mais chance de morrer por diarréia e 61 vezes mais chance de serem hospitalizadas por pneumonia. As amamentadas têm menor risco de desenvolver otite e alergias e, a longo prazo, estão mais protegidas contra doenças crônicas como obesidade, diabetes tipo I, doença de Crohn e linfoma. Por Sana Moraes