O Ministério da Saúde incluiu na Assistência Farmacêutica do Sistema Único de Saúde (SUS) o medicamento Deferasirox para tratamento de pacientes com sobrecarga de ferro no organismo, causada pelo excesso de transfusões de sangue. O Deferasirox, na forma de comprimido, vai trazer ganho de qualidade de vida principalmente, para as pessoas com a Doença Falciforme. Freqüentemente submetidos a transfusões sanguíneas, elas só contam com uma bomba de infusão para controlar a sobrecarga de ferro. "O tratamento hoje disponível é muito incômodo. Muitos pacientes desistem, aumentando, assim, o risco para desenvolvimento de outros problemas graves, como distúrbios cardíacos", afirmou o diretor do Ministério da Saúde, Alberto Beltrame. A expectativa é que, com o novo remédio, um número de pessoas atendidas pelo programa dobre, passe de 540 para mil pacientes. A inclusão do medicamento na lista do SUS foi aprovada pela Comissão de Incorporação de Tecnologias (CITEC) do Ministério da Saúde. É um importante avanço na Política Nacional de Atenção Integral às Pessoas com Doença Falciforme, lançada em 2005. A Doença Falciforme, com maior incidência entre a população afrodescendente, é uma das enfermidades hereditárias mais comuns no Brasil e no mundo. Caracteriza-se pela alteração da forma das hemácias (glóbulos vermelhos do sangue) que, em determinadas situações, podem adquirir o formato de foice - daí o termo falciforme -, provocando anemia, icterícia, crises de dor, além de complicações no baço, fígado, pulmões e sistema nervoso central. A mutação que gerou a doença originou-se na África e chegou ao Brasil por meio dos africanos trazidos para a escravidão. ACÚMULO – Os pacientes necessitam de transfusões de sangue a cada quatro ou seis semanas, o que provoca, ocasionalmente, uma sobrecarga de ferro, nutriente cujo excesso o organismo, sozinho, não é capaz de eliminar. Daí a importância do medicamento Deferasirox, incorporado à Assistência Farmacêutica do SUS. Esse acúmulo de ferro, entre outras conseqüências, aumenta o risco de doenças cardíacas. Cerca de três mil crianças nascem por ano no Brasil com a Doença Falciforme, o equivalente a um caso para cada mil nascidos vivos. A incidência mais elevada é na Bahia, estado com a maior população afro-descendente do país, onde, para cada 650 crianças nascidas vivas, uma tem a doença. Por outro lado, em Santa Catarina, onde a população afrodescentente é minoritária, de cada 13 mil nascidas vivas uma apresenta o diagnóstico. Na maioria dos estados, os hemocentros são as principais unidades de referência para acompanhamento das pessoas com Doença Falciforme. O diagnóstico feito no recém-nascido e o tratamento mais precoce possível são fundamentais para reduzir os óbitos e melhorar a qualidade de vida dos pacientes. As pessoas diagnosticadas com a doença devem ser cadastradas nos programas estaduais de atenção integral e tratadas de acordo com as normas do Ministério da Saúde Fonte: Ministério da Saúde