Três novos cursos voltados para a formação e capacitação profissionalizante de nível médio e técnico para trabalhadores do Sistema Único de Saúde vão ser iniciados a partir de hoje na Escola Técnica do SUS (ETSUS/PI). Os 350 alunos inscritos nos cursos técnicos em radiologia, vigilância em saúde e curso de aperfeiçoamento em urgência e emergência em enfermagem assistiram ontem sua primeira aula proferida por Mônica Durães, técnica do Ministério da Saúde. No Piauí, a Escola Técnica foi criada em 2005 e funciona no antigo prédio do Premen Sul. A coordenadora da ETSUS/PI, Solange Araújo, explica que a escola trabalha de forma descentralizada. “Hoje estamos dando início a três novos cursos que vão capacitar profissionais de saúde da capital e interior. Tomemos como exemplo o curso técnico de aperfeiçoamento em urgência e emergência que será oferecido em São Raimundo Nonato, Bom Jesus, Picos, Parnaíba, Oeiras e Floriano”. A ETSUS é responsável também pela formação de Agentes Comunitários de Saúde. Nesses três anos, já foram formados 6.940 agentes que atuam em todo o Estado. “Neste momento também estão em formação 510 Técnicos em Higiene Bucal”, esclarece Solange Araújo. “A valorização do servidor não passa somente por inventivos em sua remuneração, é preciso investir em qualificação”, destacou a diretora administrativa do Instituto de Doenças Tropicais Natan Portela, Maria das Dores Rocha. O técnico do Hemopi, José Fernandes, está inscrito no curso de Vigilância em Saúde, disse que sente bastante motivado em estar se qualificando. “No Hemopi, sete profissionais estão participando dos cursos oferecidos pela ETSUS. Vai ser de grande importância para a nossa vivência profissional”, disse. Na palestra de abertura, Mônica Durães, falou sobre a educação profissional no contexto da política de educação permanente em saúde. Escolas Técnicas do SUS Acompanhando o processo de municipalização do SUS no Brasil, as Escolas Técnicas do SUS (ETSUS) são instituições criadas para atender as demandas locais de formação técnica dos trabalhadores que já atuam nos serviços de saúde, e diferentes de outras escolas técnicas estão vinculadas às secretarias estaduais ou municipais de saúde, oferecendo cursos somente nessa área. A sua origem remete ao Projeto de Formação de Pessoal de Nível Médio, conhecido como Larga Escala e iniciado em 1985. Em sua maioria, estão localizadas nas capitais dos estados, mas coordenam cursos destinados aos trabalhadores de saúde de todos os municípios, desenvolvendo desta forma a capacidade de trabalhar com turmas descentralizadas, utilizando as unidades de saúde locais como espaços de aprendizagem e os profissionais dos serviços como docentes, integrando ensino-serviço como prática constitutiva das Escolas Técnicas do SUS. Essa experiência tornou-se muito importante no processo de interiorização de alguns programas e projetos prioritários para o desenvolvimento da política nacional de saúde, como o Projeto de Profissionalização dos Trabalhadores da Área de Enfermagem (Profae). As Escolas Técnicas do SUS atuam no segmento chamado de educação profissional, que hoje engloba a formação inicial e continuada (antiga formação básica), os cursos técnicos e os tecnológicos. São, em sua maioria, vinculadas à gestão da Saúde e não da Educação, o que facilita a adoção dos princípios e diretrizes do SUS como norteadores da sua prática formativa. A principal especificidade dessas instituições é a capacidade de descentralizar os currículos, mantendo os processos administrativos centralizados. Para isso, utilizam as unidades de saúde como espaços de aprendizagem e qualificam pedagogicamente os profissionais de nível superior dos serviços para atuarem como professores. Além disso, adequam o currículo ao contexto regional e têm como modelo pedagógico a integração ensino-serviço, com sua concepção fundamentada na articulação entre Trabalho, Ciência e Cultura, tendo o trabalho e a pesquisa como princípios educativos. Por Sana Moraes