É preocupante o alto nível de agrotóxico encontrado em alguns dos alimentos mais consumidos no Piauí. É o que aponta os novos dados do Programa de Análise de Resíduos de Agrotóxicos em Alimentos (PARA), divulgados pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), através da Diretoria Estadual de Vigilância Sanitária. No estado, o Programa Nacional de Análise de Resíduos de Agrotóxicos em Alimentos (PARA) detectou que quinze, dos vinte itens analisados, possuem índices de agrotóxico acima do permitido. Beterraba, arroz, uva, manga, feijão, tomate, banana, alface e cebola são apenas alguns dos alimentos que possuem alto nível de agrotóxico no Piauí. De acordo com a diretora da Vigilância Sanitária do Estado, Tatiana Chaves, foram encontrados 234 tipos de substâncias agrotóxicas, entre elas, alguns agrotóxicos proibidos de circular no mercado, já que são considerados extremamente nocivos à saúde da população. “Os alimentos foram escolhidos para análise baseado no alto consumo pela população e pela disponibilidade no mercado”, ressaltou a diretora. Ela explica que o programa existe há dois anos e realiza pelo menos duas análises mensais da qualidade dos alimentos, os quais são coletados em vários supermercados do Piauí. “Nosso objetivo é intervir diretamente na cadeia alimentar produtiva, orientando os comerciantes no sentido de avaliar os alimentos fornecidos pelos produtores. Para isso contamos com a parceria de vários órgãos como o Ministério Público, da Agricultura, Ministério do Trabalho, PROCON, Emater, INCRA e vários outros” ressalta Tatiana. A partir de agora a Vigilância Sanitária começa outra etapa, mais educativa. “Como 84% do que é produzido atualmente no Estado advém da agricultura familiar, nosso objetivo é fazer outros trabalhos de cunho educativo, para intervir diretamente na origem do problema, pois assim que o resultado da pesquisa é divulgado os alimentos já têm sido consumidos”, enfatiza Tatiana Chaves. Em todo o país, chama atenção a grande quantidade de amostras de pepino e pimentão contaminadas com endossulfan, de cebola e cenoura contaminados com acefato e pimentão, tomate, alface e cebola contaminados com metamidofós. Além de serem proibidas em vários países do mundo, essas três substâncias já começaram a ser reavaliadas pela Anvisa e tiveram indicação de banimento do Brasil. Além disso, os casos mais problemáticos foram os do pimentão (80% das amostras insatisfatórias), uva (56,4% das amostras insatisfatórias), pepino (54,8% das amostras insatisfatórias), e morango (50,8% das amostras insatisfatórias). Já a cultura que apresentou melhor resultado foi a da batata com irregularidades em apenas 1,2% das amostras analisadas. Tatiana Chaves chama atenção ainda dos perigos da ingestão indiscriminada de alimentos com agrotóxicos. “Dependendo da exposição da pessoa a uma grande quantidade dessas substâncias, ela pode vir a desenvolver mutações que podem resultar em um câncer. Por isso, alguns cuidados são necessários como a lavagem dos produtos em água corrente e a retirada das folhas e cascas das frutas e vegetais”, destaca a diretora da Divisa.