A coordenação estadual do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) revelou ontem, durante capacitação voltada ao tratamento de pessoas com ataque cardíaco, que a Central de Regulação do Samu tem recebido mais de 100 chamadas falsas por dia. Como a ligação para o 192 é gratuita, o número é o favorito das crianças para centenas de trotes a cada semana. As cidades do interior lideram a lista das ligações irregulares.

Somente na última quarta feira (10-05), as telefonistas registraram 150 ligações falsas. A chefe do plantão, Francisca Luz, afirma que os transtornos são inúmeros com as ligações, já que mesmo depois do trote o falso paciente não desocupa a linha telefônica e comprometem as chamadas daqueles que realmente necessitam do serviço. ““Por dia recebemos uma média de 150 chamadas falsas, mas tem dia que esse número chega a 160”, lamenta Francisca.

Segundo a técnica, os trotes vão desde piadinhas à pornografias e até ameaças. “Nós identificamos e desligamos o contato, mas eles insistem em ocupar a linha, comprometendo a chamada de um possível paciente que realmente esteja buscando o atendimento”, explica.

Conforme a coordenadora estadual do Samu, Christianne Rocha Leal, os trotes prejudicam os serviços por congestionar as linhas telefônicas e causar saídas indevidas de ambulâncias.

Medidas adotadas – Christianne Leal informa que algumas medidas já foram adotadas para identificar os números dos trotes e posteriormente encaminhar à polícia. “O aparelho de bina agora está identificando as chamadas falsas. Já temos em mãos a lista das cidades e dos telefones que passam os trotes. Iremos agir junto às autoridades porque isto é crime e não queremos perder vidas por causa de pessoas desocupadas”, frisa a coordenadora.

Na primeira semana que o aparelho bina foi acionado na Central, as telefonistas montaram uma lista com as cidades que lideram as chamadas falsas. Em primeiro lugar está Itaueiras, seguida por São Raimundo Nonato e Canto do Buriti.

Dentre as medidas para sensibilizar a população do perigo dos trotes, o Samu pretende lançar campanhas de conscientização em todo o Estado. Christiane Rocha Leal avalia que o papel da população também é fundamental nesta conscientização.

“Às vezes, o número pertence a um telefone público, então nossas telefonistas perdem tempo ligando de volta para pedir que algum adulto monitore aquele telefone”, conta a diretora informando que também serão realizadas campanhas nas cidades do interior sobre a importância do serviço. “Para isso, esperamos contar com o apoio dos prefeitos para ajudar a colocar nas mentes das pessoas que o 192 é o número que serve para a saúde e não para brincadeiras”, reitera Christiane Rocha Leal.

 O Código Penal Brasileiro, no artigo 266, prevê detenção de um a três anos e multa àquele que perturbar o serviço telefônico.

 Por Adrianno Magno