“Todos aqui são como uma família para mim. Nunca esquecerei o que fizeram por meu filho”. Já em clima de despedida, esse é o sentimento expressado  pela agente comunitária Maria de Deus Oliveira, mãe de A. O, 19 anos, que no final de maio finalmente irá para casa depois de um ano e meio internado no Hospital Getúlio Vargas (HGV). O jovem, da cidade maranhense de Araioses, foi vítima de um Acidente Vascular Medular (AVM), evento raro que atinge uma em cada um milhão de pessoas.

“A doença determinou uma sequela neurológica irreversível, limitando a capacidade motora e de respiração. A lesão medular surgiu de forma abrupta, e é a medula que regula as funções respiratórias e circulatórias; além de ser a responsável por conduzir os estímulos motores e sensitivos”, explica o médico e coordenador da Clínica Médica do HGV, Jailson Matos.

Para que A.O pudesse deixar a UTI, onde ficou por cerca de nove meses, uma enfermaria foi especialmente adaptada para ele. “Para o tratamento utilizamos uma ferramenta de gestão conhecida como Projeto Terapêutico Singular (PTS), que possibilita um cuidado individual para o paciente. Nesse processo, uma equipe multiprofissional de médicos, enfermeiros, fisioterapeutas, fonoaudiólogos, nutricionistas e psicólogos visita diariamente o paciente”, diz a diretora do HGV, Clara Leal.

A alta hospitalar de A.O é considerada uma grande conquista para ele e para todos os profissionais envolvidos. O tratamento apresentou resultados positivos, garantindo avanços na recuperação e uma melhor qualidade de vida para o paciente. Ele já consegue, por exemplo, realizar alguns movimentos de maneira independente, utilizar a cadeira de rodas, respirar sem ventilação mecânica e, mesmo com certa dificuldade, comunicar-se através da fala. Antes, atividades impossíveis de realizar.

“Essa evolução se deve a dois fatores primordiais. O próprio paciente com sua força de vontade e aceitação ao projeto terapêutico. E também a atuação da equipe de fisioterapia do Hospital, pois o processo de reabilitação exige muita dedicação por parte dos profissionais. Todos tiveram sua importância, mas os atores principais foram A.O  e os fisioterapeutas. Tanto que o fato dele ir para casa somente será possível por causa do grande trabalho que eles realizaram”, enfatiza Jailson Matos.

Um grupo de profissionais do HGV acompanhou A.O na viagem de volta à cidade dele. “O fato de mobilizar uma equipe multiprofissional para acompanhar o paciente é para nos certificarmos da segurança quanto aos cuidados que ele vai ter em casa e se será entregue em mãos adequadas. E também porque nós  já conhecemos o paciente e queremos nos cercar de toda a cautela necessária para evitar falhas nesse processo da volta dele ao lar”, finaliza o médico.

Para esse retorno ao lar, A.O ganhou um aparelho chamado BIPAP (Bilevel Positive Pressure Airway), tipo de respirador mecânico usado no suporte ventilatório por pressão e empregado para a ventilação não invasiva. Apesar de já conseguir respirar sem ventilação mecânica, o aparelho dará o suporte necessário, pois ele ainda não se sente seguro o suficiente para dispensar totalmente o uso do equipamento, principalmente na hora de dormir.

Por Solinan Barbosa