Durante esse último final de semana, mais um importante passo foi dado para ofertar serviços de saúde em alta complexidade para mais perto da população piauiense. Dessa vez, foi a realização do mutirão de cirurgias de varizes no Hospital Regional Deolindo Couto, em Oeiras. Foram cem pessoas atendidas, sendo 12 homens e 88 mulheres, que passaram pelo procedimento cirúrgico, num método inovador, sem a necessidade de ficar internado.

Uma das pessoas atendidas foi o eletricista aposentado, seu Francisco Lopes, de 69 anos, morador da zona rural de Oeiras. Para ele, um grande alívio está por vir, depois de um problema que o acompanha há bastante tempo. "Desde minha infância tenho esse problema, mas por conta de minha profissão, subir e descer em postes, acho que piorou bastante. Quando faço esforço, como caminhadas longas, sinto dores nas pernas. Espero que hoje esse problema seja resolvido, tenho muita esperança”, afirma, contando também que já fez várias sessões de fisioterapia para aliviar as dores, “mas logo depois voltam”. Seu Francisco veio acompanhado de suas duas filhas, que também participaram do mutirão.

Ao definir esse formato, a Secretaria de Estado da Saúde visou a resolutividade e o imediato restabelecimento do paciente, uma vez que o procedimento adotado, por espuma, não requer internação. “Uma resposta rápida. O paciente sai da cirurgia com condições de voltar as suas atividades rotineiras. Um ganho importante, em que pudemos também levar para mais perto das pessoas, que antes tinham que vir para Teresina”, explica Florentino Neto, secretário de Estado da Saúde.

O serviço

A técnica utilizada, que permite a rápida recuperação, consiste na aplicação de espuma formada a partir do contado do líquido polidocanol com o ar “que aplicado de forma correta dentro do vaso sanguíneo promove o fechamento, diminuição e desaparecimento do vaso”, explica o médico responsável, Lázaro Laignier. Essa técnica passou a ser ofertada recentemente no Brasil pelo Sistema Único de Saúde(SUS). 

Os procedimentos foram realizados neste sábado, 16, e domingo, 17, no Deolindo Couto, sendo acompanhados pelo diretor geral da unidade, Alipio Sady, pelo diretor presidente do Instituto de Águas do Piauí, o médico Francisco Costa, e pelo deputado federal Assis Carvalho, que contribuiu de forma significativa na implantação do projeto.

“No interior onde eu nasci, a minha mãe e a minha avó carregavam água do riacho na cabeça, subindo e descendo morro. E essa situação, vivida por muitas mulheres e homens, contribuía para o aparecimento das varizes, que são conhecidas como veias quebradas, que causam muitas dores. A maioria das pessoas não tem como pagar uma cirurgia. Esse projeto amplia o número de operações pelo SUS para atender essa demanda, que é do Piauí inteiro, começando por Oeiras. E eu estou feliz em contribuir para viabilizar esse projeto, idealizado pelo Francisco Costa quando era secretário de Saúde, e realizado agora na gestão de Florentino Neto”. 

Os pacientes que tiveram acesso ao procedimento passaram antes por uma triagem feita no Hospital. Com o agendamento feito, os pacientes foram atendidos por uma equipe formada por médico, enfermeiros, técnicos de enfermagem, fisioterapeuta e pessoal de apoio, onde todos participaram ativamente das atividades. 

Após o preenchimento das fichas, acolhimento e recebimento do par de meias, o paciente passava por uma sessão de massagem antes da cirurgia.  Depois do procedimento, outra sessão de fisioterapia e uma avaliação, que será realizada com 30 dias após o procedimento.

Os benefícios

A realização da cirurgia, além de permitir a melhora do quadro clínico do paciente, que muitas vezes pode evoluir para uma insuficiência venosa crônica, causando inclusive feridas e trombose, também mostra outro ganho: a elevação da autoestima. Ercília Borges, de 31 anos, afirma que agora vai poder usar roupas mais curtas. “Além do desconforto das dores, tenho o problema da estética, muitas vezes me privo de usar uma roupa mais curta. Ainda bem que não tenho a autoestima baixa, se não seria pior”, conta.                        

“A gente vê a população satisfeita com o serviço prestado, com a qualidade, com a técnica utilizada. Ficamos felizes em realizar esse projeto piloto em Oeiras. Levar mais saúde e mais qualidade de vida aos pacientes que sofriam com esses problemas relacionados a varizes”, comenta Sady.

O médico Lázaro Laignier reconhece o salto dado pelo Governo do Estado em ofertar um serviço moderno e resolutivo, pelo SUS, para mais perto da população. “A palavra que se tem para descrever é inovação. Eu acredito que é uma nova visão da gestão pública sobre a saúde. Esse projeto é pioneiro no estado do Piauí. Mas de 90% dos estados brasileiros não têm projeto parecido pelo SUS”, afirma.

Ercília também sente a diferença na assistência hospitalar, não somente pelo mutirão. "Todos aqui estão com boa expectativa, e confiam muito no hospital. Hoje, de 0 a 10 dou nota 10", declara.

Por Graciene Nazareno